terça-feira, 22 de março de 2011

O Despertar do Mortos - Tomo I - Capítulo 4º

IV

O ônibus estava demorando a fila já crescia um pouco, mesmo o horário estando um pouco alto, já eram quase meia noite. Devido a algumas reformas o terminal estava um pouco mais claro, a nova administração tinha como promessa de campanha “modernização” os terminais de ônibus. Fora feito apenas uma pequena reforma. Vez ou outra passava um metrôbus. Esse era o nome dado as ônibus aclopados que interligavam o eixo Anhamgüera. Ao invés de construírem um metro subterrâneo a o governo de Goiás havia construído um linha de ônibus cortando parte da cidade por sua parte central. Ao largo da Anhangüera eram cinco os terminais. De leste a Oeste seguiam-se: terminal de Pe. Pelágio,  terminal do Dergo,  terminal da Praça “A”,  terminal da Praça da Biblía e  terminal do Novo Mundo. Esses eram integrados pelo eixão principal. Haviam outros como o terminal de Isidória e o da vila Brasília, estes ligados por linhas comuns.
            Miguel morava próximo do terminal de Isidória em um prédio da vila Maria José. Teria que pegar o Flamboyant/Campinas ou o  Flamboyant/Praça “A”. Esta noite não devido a hora elevada resolvera ir ao terminal. Alguns minutos depois de entrar vira passar o  Flamboyant/Campinas passar vago a lado do terminal. Bom era a vida, não podia fazer nada. Pensou enquanto a fila aumentava. Passados cerca de 20 minutos chega o seu ônibus. Já com algumas pessoas sentadas. Após um empurra empurra habitual conseguira entrar todavia ficara em pé. O motorista fez ainda uma horinha fumando um cigarro até subir no ônibus que já se encontrava lotado. Já passava da meia-noite.
            A madrugada que começava estava fria a maioria das janelas estavam fechadas e o ar que circulava no coletivo deixava os passageiros um tanto que aquecidos de vez em quando o motorista parava e um ou outra pessoa entrava no ônibus. Em Goiânia já não existiam mais trocadores, a maioria deles tornou-se vendedor de passagens autônomos. Primeiramente os trocadores foram extintos pelo projeto de passe eletrônico. Era a modernidade chegando, o passe eletrônico que fora denominado de SITPASS. Nos primeiros anos os motoristas ainda recebiam a passagem daquelas pessoas que não possuíam o passe comprado antecipadamente, contudo logo até mesma o recebimento de dinheiro por parte dos motoristas fora extinta. Agora aqueles que não possuíam algum tipo de passe(eram vários, escolares, trabalhador que eram carregados mensalmente o passe de duas a dez passagens descartável e o passe de  idosos) tinha que esperar aparecer algum vendedor em alguma parada ou chegar até algum terminal onde também haviam vendedores. Senão, azar da pessoa. Era a modernidade e a segurança diziam os donos de empresas.
            Cerca de meia hora depois, Miguel descia sozinho na avenida do comércio no ponto da praça que estava quase deserta se não force por uns dois vira-latas que lhe chamara a atenção vasculhando uns sacos de lixo. O ônibus já começa a desaparecer quando começo a andar em direção ao sul da praça. Havia aprendido não andar próximo a muros após ser mordido um cão. A noite estava mais fria que parecia já com passos largos uns dois quarteirões desertos, chegou a esquina de sua rua que rapidamente dobrou, entrando caminhado passou por dois prédios no terceiro chegou a portaria e tocou o interfone e disse:
-         Bom dia!
-         Olá senhor João Miguel. Bom dia. Ainda acordado até essas horas da noite pela rua?
-         São as mulheres Eduardo, são as mulheres, o que fazer sem elas.
            O portão se e Miguel entra e o porteiro responde:
-         Exato senhor, já vou pela quarta e não me arrependo de nenhuma delas.
-         É mais eu só quero ficar nessa mesmo. Uma já é o suficiente quero monogâmico mesmo.
-         Mono o quê seu Miguel?!?
-         Monogâmico, Ednardo, são aquelas pessoas que só casam com uma só pessoa durante a vida.
-         A o senhor que dizer fiel né?
-         Bom pode-se dizer que sim. Agora vou subindo que já são mais de uma da manhã e tenho que estar no zoológico amanhã cedo Ednardo.
-         O senhor quer que interfone pela manhã? Não obrigado, vou acordar com o alarme do celular mesmo. Obrigado Ednardo. Boa Noite.
-         Para o senhor também.

            Adentrou o hall da construção apertou o botão do elevador, esperou alguns segundos até a chegada do elevador e entrou. Apertou o botão de seu andar, as portas fecharam e um pequeno solavanco denunciou o acionamento do elevador. Mais alguns instantes outro solavanco e o elevador já abria a porta no andar de seu apartamento. Gostava de morar ali, todavia achava pequeno já que morou em casas em parte da sua vida. Achava sufocante as vezes.
            Andou alguns passos até seu apartamento, destravou a tranca, abriu as grades e posteriormente o mesmo processo na porta.
            Ligou o interruptor e a luz invadiu toda a sala iluminando o ambiente. Ao entrar a primeira coisa que se destacava era o sofá prateado em “L” com os controles jogados por sobre ele. Uma televisão de 29 polegadas, um aparelho de DVD e um Vídeo-Cassete em uma estante tabaco com branco, um tapete azul ao chão e um pequena mesinha de centro.
            Miguel passou rapidamente por esse ambiente, atravessando um minúsculo corredor chegando a uma porta a esquerda onde encontrou seu quarto. Girou a maçaneta suavemente abrindo a porta. Via-se então somente a escuridão, tateou a parede a sua esquerda roçando a mão pela parede a procura do interruptor, ligou, um pequeno clic, e a luz do centro do teto invadiu quase que instantaneamente o compartimento. Percebia-se logo uma cama de solteirão sem cabeceira no meio do ambiente encostada a parede da janela. A sua esquerda uma escrivaninha na cor tabaco com branco onde jazia o computador na cor preta com prata com uma tela de LCD. Havia ainda uma cadeira estofada, tal qual as de secretárias próximo a escrivaninha. Alguns cds amontoavam-se em partes da mesa outros sobre a cama e até mesmo alguns no chão. A direita da cama uma porta um tanto que estreita que dava acesso ao pequeno banheiro. E logo a frente, ao lado da porta de entrada alguns quadros na parede. Uma fotografia de Maria Júlia, uma de seus pais  e outra com as suas irmãs, que ele fitou por alguns segundos com saudades... Logo após isso começou a dispir-se, primeiramente os sapatos apoiando um pé no calcanhar do outro se livrando habilmente, levava os pés as mão retirou as meias soquetes, jogando-as estiradas sobre os sapatos. Desafivelou o cinto e o botão da calça sentindo um pequeno alívio no tórax. Desabotôo a camisa botão a botão jogou-a ao chão sobre os sapatos. Fez um pequeno movimento expelindo ar do pulmão fazendo com que a calça cair no chão. Retirou os pés de dentro da peça de roupa, estava somente com a “slip” branca, dirigiu-se para a porta do banheiro. Acionou o interruptor que fez a luz alaranjada a ressaltar a cerâmica negra do banheiro logo a sua frente via-se a pequena pia ao lado o sanitário e logo após o pequeno box. Dirigiu-se a ele abrindo-o acionado a torneira na posição verão. Com a invasão do ar morno no banheiro acabou de se despir e foi par baixo do chuveiro onde tomou um banho rápido de alguns minutos.
            Logo após o banho ainda de toalha recolheu as roupas sujas levando-as para a lavanderia onde as colocou em um cesto praticamente cheio de roupas cheias. Voltou para a cozinha, abriu a geladeira, pegou a caixa de leite UHT semi-desnatado balançando-a depositou em um copo que estava sobre o balcão do armário e bebeu. Deixou ali mesmo o copo sujo e voltando para o quarto. Ligou o “pc” abriu um programa muito conhecido de todos e prontamente selecionou uma pasta com algumas músicas de sua preferência. A primeira a tocar foi a de uma famosa banda da Capital, “... mudaram as estações, mas nada mudou quando penso em alguém só penso em você e ai então está tudo bem...” era a música 'Por Enquanto' sua predileta da Legião.
            Vestiu seu pijama, acionou o ventilador, deixou jogada a toalha sobre a cadeira e logo após pendeu o corpo sobre a cama adormecendo ao som de 'Eu era um lobisomem juvenil...'

V

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